Desde o dia 3 de novembro, pesquisadores do Observatório de Segurança Pública de Canoas (OSPC) percorrem os bairros do município para colher dados para a 3ª Pesquisa de Vitimização. Até esta segunda-feira (22), já foram aplicados 463 questionários, dos 1.041 que ainda devem ser respondidos até 3 de dezembro. O objetivo da Prefeitura é fazer entrevistas junto à população para estimar a quantidade de crimes e violências que não é registrada oficialmente, além de compreender como as pessoas são afetadas por estes fenômenos. A ideia é que as informações possam subsidiar políticas públicas de segurança, que auxiliem na redução desses fatores em todo o território canoense.
Moradora do Bairro Rio Branco, Michely Rodrigues, 32 anos, participou da pesquisa nesta segunda-feira (22). Ela nunca registrou nenhuma ocorrência de crime ou violência junto aos órgãos competentes, mas foi vítima da criminalidade em uma oportunidade, quando teve a casa furtada. “Eu estava dormindo e fizeram a limpa na minha sala. Quando acordamos, não tinha mais nada. Eu me arrependo de não ter feito o registro, sei que é muito importante, até para a nossa proteção e de todos do bairro”, destacou.
Sobre a pesquisa, ela avalia como uma iniciativa inovadora e fundamental. “Acho bem interessante o que a Prefeitura está fazendo. Tem muita gente que acaba não querendo participar, mas a gente não perde muito tempo. Vale muito a pena. E, tudo isso, é justamente para a nossa segurança”, ressaltou.
Quem também participou da pesquisa foi a aposentada Eva Marisa, 83 anos, que teve o celular roubado em uma ocasião e, também, não registrou a ocorrência. “Eu me cuido, mas, quando eu subi no ônibus, um homem pegou o meu celular. No fim, acabei não registrando a ocorrência, mas eu sei que é importante registrar, para a polícia saber onde acontecem esses casos. Ainda bem que tem uma pesquisa dessas, eu não sabia que existia. Espero que todo mundo possa colaborar.
Metodologia
A pesquisa está sendo desenvolvida em parceria com a Fundação La Salle, através de duas etapas: na primeira, estão previstos 22 dias úteis de aplicação de questionário em todos os bairros de Canoas. A segunda etapa vai contemplar a análise e os estudos necessários para elaboração do relatório final, com previsão de finalização em março de 2022.
Participam do projeto 11 pesquisadores, identificados com crachá e camisetas personalizadas, que se dividem em equipes para cobrir o território previsto de cada bairro. São excluídos do questionário apenas menores de 18 anos. Para organização do cálculo da amostra, a população foi dividida dentro das seguintes faixa-etárias: 18 a 29 anos; 30 a 45 anos; 46 a 60 anos; e acima de 60 anos. Ao todo, são 111 questões abordadas junto à população.
“Indo a campo, conversando com a população e com uma análise qualificada dos dados será possível compreender como, socialmente, uma violência é naturalizada. Assim, teremos o índice real da violência, com os principais motivos da subnotificação e com a possível métrica de segurança ou insegurança de cada região do município. Queremos conhecer as lacunas da criminalidade de Canoas e poder agir sobre elas”, explica o secretário municipal de Segurança Pública, delegado Emerson Wendt.
Os primeiros resultados da pesquisa serão apresentados no Gabinete de Gestão Integrada Municipal (GGI-M) e divulgados no site da Prefeitura de Canoas. Após esta etapa, estão previstos um seminário e a publicação do relatório final da pesquisa.
Observatório de Segurança Pública
O Observatório é um centro de pesquisa social vinculado à Secretaria Municipal de Segurança Pública, focado nas causas e efeitos da criminalidade. Tem como proposta realizar levantamentos, acompanhamentos, análises e divulgação de estatísticas sobre índices de criminalidade, a fim de auxiliar os gestores no planejamento das estratégias de enfrentamento à violência e à criminalidade.