Com as atenções voltadas ao combate ao assédio sexual e moral no local de trabalho, a Secretaria Municipal Adjunta de Mulheres realizou, na manhã desta sexta-feira (25), a abertura da campanha 16 dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres. O movimento, promovido anualmente pela ONUMulher, mobiliza indivíduos e organizações em todo o mundo para o engajamento na prevenção e eliminação da violência contra as mulheres e meninas. Em Canoas, o propósito é conscientizar a população sobre os diferentes tipos de agressões e propor soluções para seu enfrentamento.
O evento, no auditório do Paço Municipal, contou com a participação especial da assessora de gênero do gabinete da deputada federal Maria do Rosário, Terla Negrão; da juíza-corregedora do Tribunal de Justiça Taís Culau de Barros, também titular da Coordenadora Estadual das Mulheres em Situação de Violência Doméstica e Família; e da advogada Bianca Hilbert, especialista em Direito de gênero e presidente da Comissão da Diversidade Sexual da Subseção Canoas da OAB.
A campanha conta com ações pontuais até o dia 12 de dezembro, mas a rede de proteção e enfrentamento atua permanentemente durante 24 horas, através da Secretaria de Mulheres e do Centro de Referência. A programação pode ser acessada através do hotsite www.canoas.rs.gov.br/violênciacontraamulher.
“O mais importante é seguir com a denúncia e acabar com a mentalidade de julgamento da mulher. Nenhuma roupa e nenhum comportamento justifica a agressão”, disse a secretária adjunta de Mulheres, Rosa Marcella, que destacou a atuação da secretaria, em parceria com a Delegacia da Mulher, em um caso recente de demissão de um assediador a partir da denúncia encaminhada ao Sindicato dos Metalúrgicos de Canoas.
“Pouco tempo atrás, a violência contra a mulher não era nem questão de direitos humanos. Hoje não aceitamos mais nada desse tempo, nenhum constrangimento e nenhuma agressão, do assobio “fiu-fiu” ao feminicídio”, pontuou Télia Negrão, ressaltando os alarmantes dados de que uma mulher morre a cada sete horas no Brasil e a cada quatro dias no Rio Grande do Sul.
Para a juíza Taís Culau, o assédio é uma violência invisível, sutil, que fere o direito à dignidade e à honra da mulher, previstos na Constituição, e é preciso falar e explicar para que possa ser reconhecido e levado aos canais de denúncia. “Na sociedade patriarcal, gênero, discriminação e assédio andam juntos, infelizmente. Muitas vezes, o assédio moral ocorre como forma de vingança pelo fato da mulher não ceder ao assédio sexual”. Segundo ela, pesquisas revelam que cerca de 80% das pessoas foram vítimas de assédio moral no trabalho e 30% das mulheres sofreu assédio sexual.
A advogada Bianca Hilbert alertou para as múltiplas violências que sofrem as mulheres lésbicas e que também são negras, hipossuficientes e que não usam roupas femininas. “É preciso avançar, pois a violência e o preconceito sobre as mulheres que tem sua expressão de gênero é absurda e permanece escondida.
O evento foi acompanhado por representantes dos conselhos municipais, vereadores, secretários e membros do governo e pessoas da comunidade identificadas com a causa.
A secretária adjunta de Mulheres, Rosa Marcella, iniciou a mobilização da campanha 16 Dias de Ativismo no início do mês, promovendo debates e distribuído o material informativo sobre a rede de enfrentamento à violência contra meninas e mulheres em Canoas, em locais considerados como ”porta de entrada” de ocorrências e possíveis denúncias.
A secretária falou às equipes de visitadores do programa Primeira Infância Melhor (PIM), aos funcionários do Centro de Especialidades Médicas (CEM), com os usuários do Centro de Convivência do Idoso e na 6ª Jornada Acadêmica Multiprofissional em Saúde da Ulbra. Estão programados eventos com mulheres trans e lésbicas, com servidores dos Centros de Atenção Psicossociais, no Centro Socioeducacional Assunta Marchetti e no Centro de Referência Saúde da Mulher, entre outras atividades.