A atividade do Mês da Consciência Negra desta segunda-feira (21) ocupou toda manhã na Antiga Estação de Trem, com uma programação destinada à reflexão sobre o preconceito racial junto ao público jovem. Promovida pela Secretaria Municipal Adjunta de Igualdade e Imigrantes, a atividade incluiu artes, história, música, teatro e pensamento político.
Os alunos das turmas do 2º ano do Ensino Médio da Escola Estadual André Leão Puente, que foram surpreendidos com o passeio fora da escola, assistiram a um pequeno filme, produzido pela campanha Criança Esperança, sob o título “Ninguém nasce racista, continue criança”. Comprovando que o racismo não é natural, e sim uma postura ensinada e aprendida, fruto de uma escolha pessoal, as cenas mostram crianças que, apesar de encorajadas por adultos, se recusam a pronunciar frases de cunho racista.
A mensagem sobre a importância da resistência das comunidades negras e seu significado seguiu sendo trabalhada na palestra da historiadora e professora canoense Gisele Vidal, ativista no movimento União de Negras e Negros pela Igualdade (Unegro). A fala aos estudantes serviu para contextualizar o papel do povo negro na história do país. Desde a construção de sua identidade como povo escravizado durante mais de 300 anos até a falta de oportunidades imposta antes e depois da abolição.
“Trabalhar a resistência é manter a luta por espaços de igualde também nas esferas de poder e a principal ferramenta são as políticas públicas, que tem a função de garantira as mesmas oportunidades a todos. Ser antirracista é normalizar as diferenças, é escolher não ser racista”, destacou Gisele, que também falou de música e esclareceu todos os aspectos que formam a cultura do hip hop e suas formas de resistência.
Outro momento marcante da manhã foi a encenação da peça Help! pelos jovens integrantes do Grupo Nação Jovem, do projeto social Caminho do Bem, com base no Guajuviras. A apresentação trata das questões de racismo, bullying, violência, automutilação, tentativa de suicídio e da importância de valores como solidariedade, amizade, união e fraternidade como resposta ao sofrimento de colegas.
Ao final, foi a vez do rapper Du deixar o seu legado. Com 30 anos de carreira, seis discos autorais lançados, ex-membro da banda Ultramen e agora também com um projeto de trap, ele cantou a animou a turma com suas letras falando de superação, fé e persistência. “A minha mensagem é a do respeito. Quero desconstruir a ideia da violência na cabeça dos jovens. Um racista pode matar o sonho de uma pessoa”, contou.
“Esperamos que não tenha sido apenas mais um dia, e sim um dia para marcar uma mudança de mentalidade, uma mudança de atitude”, ressaltou a secretária de Igualdade Racial e Imigrantes, Ednea Paim.
A atividade contou ainda a exposição de obras do artista canoense João Máximo. A programação do Mês da Consciência em Canoas teve início no último dia 7 e segue até dia 29. Confira:
23/11 – 14h – Encerramento e Formatura do Curso de Panificação para quilombolas e imigrantes, na Pecan. Organização: Pecan e Secretaria Adjunta de Igualdade Racial e Imigrantes.
24/11 – 14h30 – Contação de histórias com a historiadora Gisele Vidal sobre João Cândido, líder da Revolta da Chibata, e Momento Cultural, na Associação dos Deficientes Visuais de Canoas (Adevic). Organização: Adevic com participação da Secretaria Adjunta de Igualdade Racial e Imigrantes.
25/11 – 14h – Participação do Projeto Social Caminho do Bem com o grupo de teatro Nação Jovem, palestra com Reginete Bispo e dinâmica com Ana Paula Wolf, no Centro de Integração Paulo Paim. Organização: Secretaria Adjunta de Igualdade Racial e Imigrantes.
26/11 – 14h às 17h – Portas Abertas 2ª edição especial do Mês da Consciência Negra e Momento Cultural, no Hangar Cultural. Organização: Secretaria Municipal de Cultura com participação da Secretaria Adjunta de Igualdade Racial e Imigrantes.
29/11 – 9h às 12h – Ações e serviços de saúde voltados à população negra, em parceria com as secretarias municipais de Saúde, Desenvolvimento Econômico, Turismo e Inovação, e Cidadania, no Calçadão do Centro. Organização: Secretaria Adjunta de Igualdade Racial e Imigrantes com participação das secretarias de Saúde, Desenvolvimento Econômico, Turismo e Inovação, e Cidadania.